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Traduções de músicas e filmes infantis

Seja em livros, filmes ou seriados, é comum encontrar traduções de títulos, músicas ou até mesmo das falas dos personagens que parecem muito diferentes do conteúdo original. Para o ouvinte, leitor e/ou espectador que não conhece o processo de tradução, principalmente a tradução que envolve conteúdo criativo, como é o caso da indústria do entretenimento, muitas coisas podem soar bastante estranhas quando traduzidas. No entanto, poucos sabem que, para fazer esse tipo de tradução, o profissional da área deve adaptar o conteúdo levando em consideração diversos aspectos.

Por exemplo, ao traduzir uma música em um filme, não basta apenas fazer a tradução exata da letra ou só incluir rimas. O tradutor precisa, acima de tudo, manter o tempo correto e a mesma melodia da canção original, ao mesmo tempo em que mantém cada frase que o dublador canta compatível com o movimento da boca do personagem.

Ou seja, nesses casos, uma tradução “ao pé da letra” não só faria com que a letra da música perdesse a criatividade (e, muitas vezes, o humor) da canção original, como também deixaria de fazer sentido para o espectador que não entende o idioma original da música, uma vez que a tradução não estaria adaptada especificamente para a cultura desse espectador.

Por isso, com o objetivo de comemorar o Dia das Crianças, que está por vir, com diversão e muita informação, resolvemos separar alguns exemplos interessantes sobre como funciona o processo de tradução dessa área do entretenimento que todos nós amamos.

Hakuna Matata (O Rei Leão)

Quem não conhece essa música divertida, cantada por Timão e Pumba, dois dos personagens mais engraçados de um dos filmes mais consagrados da Disney, O Rei Leão?

Esse clássico é um ótimo exemplo a ser usado aqui. Poucas pessoas sabem, mas a versão de “Hakuna Matata” foi atualizada há pouco tempo, com uma pequena e simples alteração. Antigamente, a letra dizia:

“Hakuna Matata

É o nosso lema

Lema? O que é isso?

Nada, não confunda com lesma!”

Na versão atual, esse trecho foi alterado da seguinte forma:

“Hakuna Matata

É o nosso bordão

O que é isso? Botão?

Bordão! Não confunda com botão!”

Para muitos, essa alteração pode parecer desnecessária, mas, na verdade, foi uma forma de adaptar o linguajar para os dias atuais, já que “bordão” não é mais uma palavra tão utilizada e é possível que crianças não saibam o seu significado.

Além disso, usando essa mesma canção como referência, podemos ver o quão importante é a adaptação do conteúdo para o nosso idioma. Por exemplo, esse é o início da letra de Hakuna Matata:

“Hakuna Matata

What a wonderful phrase

Hakuna Matata

Ain’t no passing craze

It means no worries for the rest of your days

It’s our problem-free philosophy

Hakuna Matata”

Se traduzirmos de uma forma mais literal para seguir o conteúdo original, a canção ficaria dessa forma:

“Hakuna Matata

Que frase maravilhosa

Hakuna Matata

Não é uma moda passageira

Significa não ter preocupações pelo resto de seus dias

É a nossa filosofia de não ter problemas

Hakuna Matata”

Pode-se notar que, além de perder o sentido, a fluência e as rimas da letra, a melodia não fica compatível com o tempo em que os personagens estão fazendo o movimento com a boca para cantar. Além disso, as frases ficam longas demais, atrasando o tempo da sequência do filme e dificultando a leitura das legendas.

Let It Go (Frozen)

A música principal do filme que se tornou um clássico imediato da Disney, “Let It Go” (ou “Livre Estou”), também exibe de uma forma muito clara como o processo de adaptação na tradução é importante.

Na letra original, Elsa canta:

“Let it go, let it go

Can’t hold it back anymore

Let it go, let it go

Turn away and slam the door”

Em uma tradução “ao pé da letra” em português, a princesa cantaria da seguinte forma:

“Deixe para lá, deixe para lá

Não aguento mais

Deixe para lá, deixe para lá

Afasto-me e fecho a porta”

A canção ficaria estranha dessa forma, não é mesmo? Por isso, há uma adaptação para que faça mais sentido dentro do contexto do filme e para que cada verso fique de acordo com a melodia e o tempo corretos da música original. Com isso, a canção foi traduzida para o português da seguinte maneira:

“Livre estou, livre estou

Não posso mais segurar

Livre estou, livre estou

Eu saí pra não voltar”

Títulos de filmes e livros

Outro ótimo exemplo de adaptação, e um que parece gerar ainda mais polêmica, é o processo de tradução de títulos, sejam eles de livros ou de filmes. Há tanto os casos em que o nome do filme/livro, em português, é totalmente diferente do nome em inglês, quanto casos em que é adicionado um “subtítulo”.

Por exemplo, o título original do filme “O Pequeno Stuart Little” é somente “Stuart Little”. Então, por que haveria necessidade de mudanças ou adições ao nome? O mesmo ocorre com diversos outros filmes, como “Moana – Um Mar de Aventuras”, “Up – Altas Aventuras” e, como no nosso exemplo acima, “Frozen – Uma Aventura Congelante”.

Essas são “alterações” que também podem parecer desnecessárias para quem não sabe como esse processo funciona. No entanto, os títulos são geralmente modificados para que haja maior identificação entre a obra, seja ela um livro ou filme, e o público que vai consumir o conteúdo. Com um título somente em inglês, destinado a um público brasileiro que, em grande parte, não fala o idioma, não há essa identificação e conexão entre a obra e o consumidor. Por isso, existem esses “subtítulos” quando o nome do filme e/ou livro permanece em inglês na versão traduzida.

Já quanto aos títulos que parecem ter sido modificados completamente, a mesma “regra” se aplica: deve haver essa mesma identificação e conexão com o público, e como cada país possui suas próprias gírias, culturas, expressões idiomáticas etc., os títulos são adaptados de acordo com esse dinamismo da linguagem e com base no que atrairá os consumidores.

No entanto, vale ressaltar que não são necessariamente os tradutores que fazem as adaptações dos títulos de filmes e livros e, sim, o time de marketing da editora, emissora etc., que, muitas vezes, recria os nomes para obter mais apelo comercial.

Confira abaixo alguns dos filmes e livros infantis com títulos completamente diferentes e faça uma comparação divertida entre os nomes originais, os nomes traduzidos e como eles seriam se tivessem sido traduzidos “ao pé da letra”!

Título original: Harry Potter and the Half-Blood Prince

Título no Brasil: Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Como seria na tradução literal: Harry Potter e o Príncipe Mestiço

Título original: Despicable Me

Título no Brasil: Meu Malvado Favorito

Como seria na tradução literal: Eu desprezível

Título original: Inside Out

Título no Brasil: Divertida Mente

Como seria na tradução literal: Do Avesso (ou De Dentro para Fora)

Título original: Home Alone

Título no Brasil: Esqueceram de Mim

Como seria na tradução literal: Sozinho em Casa

Título original: Cloudy with a Chance of Meatballs

Título no Brasil: Tá Chovendo Hambúrguer

Como seria na tradução literal: Nublado com Chance de Chover Almôndegas

Escrito por: Juliana Gomes (Tradutora e Revisora na Spell Traduções)

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Aviso imediatamente ao cliente para que, juntos, seja possível pensar em soluções sem impactar na qualidade e no prazo final. É papel do tradutor controlar a sua produção para que esse tipo de problema não seja informado perto da sua devolução final, pois caso isso aconteça, o cliente pode não conseguir te ajudar.

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Me certifico que estou usando bons sites e materiais para a realização das pesquisas. Peço ajuda para algum colega da área ou que está mais familiarizado com esta área e, caso não consiga, entro em contato com o cliente para trazer tais inseguranças antes da devolução final para ver se o cliente consegue me ajudar sem prejudicar o prazo e a qualidade. Importante: o papel de pesquisa é responsabilidade do tradutor/revisor. Apenas em casos muito pontuais ele deve recorrer ao cliente para que isso não afete a confiança que o cliente tem nele.

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Antes de enviar o trabalho ao tradutor, questione o cliente a respeito da TM e do glossário, pois são materiais muito importantes e que devem sempre ser usados no processo. A memória e o glossário ajudam muito no fluxo de trabalho da tradução, pois além de otimizar tempo de execução, ainda ajudam a garantir uma boa qualidade final. Se o cliente realmente não tiver nenhuma TM ou glossário, sugerimos que você crie e comece a fazer esse tipo de coleta nos projetos, assim você poderá se beneficiar disso no futuro, em projetos do mesmo cliente e sendo da mesma área.

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Por mais que você não tenha em sua base de recursos tradutores que trabalhem com a ferramenta solicitada, nunca feche as portas para as oportunidades. O primeiro passo é ser sincero com o cliente e dizer que você nunca trabalhou com essa ferramenta, mas que poderia assumir o trabalho e está disposto a aprender. Geralmente, as ferramentas seguem uma mesma lógica, muda apenas algumas funcionalidades e questões de layout, mas para garantir que você não vai ter problemas com isso, busque informações, procure tutoriais na internet e até mesmo questione o cliente se ele poderá te dar um suporte caso você precise.

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Devemos trabalhar com a premissa de que o cliente satisfeito sempre voltará a te oferecer trabalho, porém, é preciso equilibrar as expectativas. Muitos clientes não entendem a dinâmica envolvida em um trabalho de tradução (fluxo de trabalho: tradutor/revisor/QA…), por isso, fazem solicitações que podem atrapalhar e muito o seu processo. Mudar o texto ou um pequeno trecho no início do trabalho é algo que pode ser negociado e atendido, mas se a tradução já passou da metade ou está quase no final, você deve conversar e explicar a ele que o pedido pode ser atendido, mas que será necessário pensar em um novo prazo e valor, pois o trabalho deverá começar praticamente do zero. Uma outra opção é finalizar o trabalho atual e depois implementar as mudanças solicitadas pelo cliente, negociando um novo prazo de entrega e um valor justo pelo tempo que será gasto pelo recurso para fazer os ajustes.

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Retrabalhos não são bons para a organização do PM, isso porque aumentam a chance de problemas e riscos de afetar o seu cliente final. Se você realmente enviou os arquivos errados ao tradutor, você deve tomar as medidas necessárias para evitar que isso afete o prazo combinado com o cliente, ou seja, verificar se tem tempo hábil para realizar o trabalho corretamente, verificar um tradutor disponível para fazer o job e, no caso de você realmente atrasar a devolução final, comunique o cliente imediatamente e tente negociar um novo prazo.

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Esse é um dos erros mais graves que um PM pode cometer, mas devemos sempre nos lembrar de que somos seres humanos e somos passíveis de errar. Diante disso, devolva o arquivo imediatamente ao cliente e peça desculpas por seu erro. Esse tipo de problema não deve se repetir, por isso, use recursos que te ajudem em sua organização, seja uma agenda on-line, agenda física, lembretes das datas de suas devoluções, pois assim as chances de você se esquecer no futuro serão mínimas.

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O primeiro e mais importante passo é sempre tomar decisões e deixar o cliente a par delas, ou seja, os riscos das escolhas devem ser compartilhados com o cliente para que, caso haja problema depois, ele não te cobre por algo que você avisou que iria fazer. Caso você não tenha um tradutor especializado nessa área, você pode tentar colocar um revisor que seja especialista na área jurídica para que ele consiga corrigir as falhas terminológicas que possam existir, mas de qualquer forma, é muito importante reforçar com o tradutor a sua necessidade e pedir para ele/a uma atenção especial ao texto. Se você não conseguir nenhum recurso especialista na área, você pode tentar colocar uma etapa final com um SME. SMEs são pessoas especialistas na área, não são tradutores e revisores, mas são pessoas formadas e com ampla experiência na área desejada, por exemplo, no caso desse enunciado, seria colocar um advogado para ler o arquivo final de modo a alterar apenas o que for terminologia específica incorreta.

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Para sempre evitar problemas como esse, é necessário incluir um pequeno buffer entre o seu prazo final e o prazo solicitado ao tradutor, por exemplo, se o prazo com o seu cliente é hoje às 18h, você deve pedir para o seu recurso devolver algumas horas antes para evitar que os problemas impactem na devolução final. Agora, se de fato ocorrer um atraso, entre em contato com o tradutor para verificar como está a situação, para saber se há algo que dê para ser feito para evitar que isso afete o cliente (um exemplo seria fazer a revisão em paralelo e assim dar mais tempo ao tradutor) e saber suas opções. Além disso, é necessário pensar em todo o fluxograma do projeto, como tempo do tradutor, tempo do revisor, tempo de verificação final do PM para ver se tudo está correto… Caso o atraso vá impactar na sua devolução ao cliente, avise-o imediatamente para que ele não sofra impactos piores.

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Antes de sair julgando quem está errado nessa situação, você como PM deve avaliar se o que o cliente está apontando realmente são erros efetivos que impactaram na qualidade ou não. Se você tiver o suporte de Quality Assurance, peça a eles que analisem e te enviem um relatório justificando (se é erro ou não) cada alteração do cliente. No caso de não haver uma equipe de Quality Assurance, você pode pedir ao tradutor ou revisor do projeto que faça esse papel, mas cuidado, pessoas que estão envolvidas no projeto tendem a não ser imparciais/neutras e podem ficar na defensiva, então será o seu papel ter um olhar crítico para ponderar se as respostas fazem sentido ou não. Se houve um problema de qualidade, peça desculpas ao cliente e tente recompensá-lo para que ele volte a fazer negócios com você, além disso, passe o feedback aos envolvidos no projeto para evitar que isso volte a se repetir. Caso o cliente tenha feito apenas alterações estilísticas no texto, o ideal é montar um Guia de Estilo ou Glossário com essas preferências, por isso, explique isso ao cliente (nunca deixe ele achando que você errou se você não errou) e passe as ações que serão implementadas em casos futuros para atendê-lo da melhor forma possível.

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A primeira ação seria entender a produção do recurso que está livre, para saber quantos dias seriam necessários para fazer tradução e revisão e, assim, verificar com o cliente a possibilidade de extensão do prazo, pois mesmo que o tradutor consiga fazer o trabalho em três dias úteis, o ideal é passar o trabalho depois pelo processo de revisão feito por outro recurso e dentro desse período não seria possível executar ambas as etapas.